CORREZE
Tive muita sorte de poder passar um fim de semana prolongado na Corrèze, um departamento situado no sudoeste da França. Fiquei surpresa e encantada com tudo o que vivi nesses 3 dias. De volta a Paris, imagino essa mesma paisagem de colinas e rios no verde da primavera, com suas árvores frutíferas em flor, visitando os fazendeiros em pleno labor. Eu a visitei em pleno inverno, mas essa belíssima região tem muito para oferecer em qualquer estaçāo do ano. Monumentos históricos, natureza e uma fabulosa gastronomia !! Uma cozinha feita com os produtos cultivados e criados na regiāo: o foie gras, o confit, o veau de lait (vitelo somente alimentado com leite), nozes, ameixas, trufas sāo algumas de suas riquezas. Mas vamos começar a nossa viagem !
Vôo Paris - Brive-la-Gaillarde (Brive, a varonil). Um trajeto de 1:20h.
Brive, segunda cidade mais povoada do departamento, onde decidi hospedar-me e de lá percorrer a regiāo.
Logo que cheguei, fui visitar a famosa destilaria Denoix.
O licor de fenouil que experimentei abriu o meu apetite, e lá fui eu em direçāo do restaurante « Le 4 ».
Tarde fria. Peguei o carro em direçāo do Yssandonnais, uma regiāo no noroeste de Brive que se caracteriza pelos outeiros calcários e uma terra côr de vinho. Tinha um encontro marcado com dois cultivadores de trufas, cogumelos de cor negra, que vivem debaixo da terra aos pés dos carvalhos e azinheiras. As trufas sāo também chamadas de « diamantes negros », nāo somente pelo seu sabor inigualável, mas também pelo preço ! Eu ia assistir a uma « cavage » - quando cāes treinados vāo catar as trufas. Com o faro, eles localizam as trufas a alguns metros de distância e a mais de 30 cm de profundidade. Eles removem um pouco da terra e, para nāo danificar as trufas com suas garras, deixam ao dono o cuidado de retira-las completamente do solo.
Antigamente, os camponeses utilizavam o porco, que adora trufas, para essa recolta. Mas depois, tinham que impedi-lo de devora-las ! Com os cāes nāo existe esse problema, pois trata-se de um jogo para eles.
Chegando, fui super bem acolhida por Jean Pierre e Louis, todo sorriso. E lá estavam também Isis e Folky, dois lindos Border collies, formidáveis cāes de pastoreio. A « cavage » foi muito engraçada. Enquanto Isis, a jovem fêmea, buscava com afinco as trufas, Folky, um macho um pouco mais idoso, negou-se a participar, deu as costas e foi tentar caçar lebre ! Apesar da neve que começou a cair, ficamos nós, firmes e fortes, atrás de Isis que coletou belas trufas e recebeu, em recompensa, um pedaço de queijo por trufa encontrada.
Nos despedimos, trânsidos de frio, mas super contentes. Jean Pierre e Louis, pelo cestinho repleto de diamantes negros, e eu pela memorável experiência dessa tarde.
Encontrando-me no Yssandonnais, aproveitei para visitar Saint Robert, uma linda aldeia classificada como uma das mais belas aldeias da França. Em meio a uma paisagem de colinas, Saint Robert situa-se a 345m de altitude. Cidade milenária, organizada em torno de sua igreja fortificada do século XII, ela possui imponentes mansões em pedra. Que prazer passear em suas ruelas e apreciar essa fantástica unidade arquitetural ! Pura beleza ! Embaixo de Saint Robert encontra-se a localidade de Saint Maurice que abriga uma fonte milagrosa, lugar de peregrinaçāo anual no dia 15 de agôsto. Durante o verāo, Saint Robert é uma cidade muito animada e organiza seu próprio festival de música clássica.
Voltei para Brive, cansada e querendo descansar um pouco antes do jantar.
Tomo a direçāo do restaurante « En Cuisine » para jantar.
Voltei para « Le Miel des Muses » muito feliz !
Tive muita sorte de poder passar um fim de semana prolongado na Corrèze, um departamento situado no sudoeste da França. Fiquei surpresa e encantada com tudo o que vivi nesses 3 dias. De volta a Paris, imagino essa mesma paisagem de colinas e rios no verde da primavera, com suas árvores frutíferas em flor, visitando os fazendeiros em pleno labor. Eu a visitei em pleno inverno, mas essa belíssima região tem muito para oferecer em qualquer estaçāo do ano. Monumentos históricos, natureza e uma fabulosa gastronomia !! Uma cozinha feita com os produtos cultivados e criados na regiāo: o foie gras, o confit, o veau de lait (vitelo somente alimentado com leite), nozes, ameixas, trufas sāo algumas de suas riquezas. Mas vamos começar a nossa viagem !
Vôo Paris - Brive-la-Gaillarde (Brive, a varonil). Um trajeto de 1:20h.
Brive, segunda cidade mais povoada do departamento, onde decidi hospedar-me e de lá percorrer a regiāo.
Logo que cheguei, fui visitar a famosa destilaria Denoix.
O licor de fenouil que experimentei abriu o meu apetite, e lá fui eu em direçāo do restaurante « Le 4 ».
Tarde fria. Peguei o carro em direçāo do Yssandonnais, uma regiāo no noroeste de Brive que se caracteriza pelos outeiros calcários e uma terra côr de vinho. Tinha um encontro marcado com dois cultivadores de trufas, cogumelos de cor negra, que vivem debaixo da terra aos pés dos carvalhos e azinheiras. As trufas sāo também chamadas de « diamantes negros », nāo somente pelo seu sabor inigualável, mas também pelo preço ! Eu ia assistir a uma « cavage » - quando cāes treinados vāo catar as trufas. Com o faro, eles localizam as trufas a alguns metros de distância e a mais de 30 cm de profundidade. Eles removem um pouco da terra e, para nāo danificar as trufas com suas garras, deixam ao dono o cuidado de retira-las completamente do solo.
Antigamente, os camponeses utilizavam o porco, que adora trufas, para essa recolta. Mas depois, tinham que impedi-lo de devora-las ! Com os cāes nāo existe esse problema, pois trata-se de um jogo para eles.
Chegando, fui super bem acolhida por Jean Pierre e Louis, todo sorriso. E lá estavam também Isis e Folky, dois lindos Border collies, formidáveis cāes de pastoreio. A « cavage » foi muito engraçada. Enquanto Isis, a jovem fêmea, buscava com afinco as trufas, Folky, um macho um pouco mais idoso, negou-se a participar, deu as costas e foi tentar caçar lebre ! Apesar da neve que começou a cair, ficamos nós, firmes e fortes, atrás de Isis que coletou belas trufas e recebeu, em recompensa, um pedaço de queijo por trufa encontrada.
Nos despedimos, trânsidos de frio, mas super contentes. Jean Pierre e Louis, pelo cestinho repleto de diamantes negros, e eu pela memorável experiência dessa tarde.
Encontrando-me no Yssandonnais, aproveitei para visitar Saint Robert, uma linda aldeia classificada como uma das mais belas aldeias da França. Em meio a uma paisagem de colinas, Saint Robert situa-se a 345m de altitude. Cidade milenária, organizada em torno de sua igreja fortificada do século XII, ela possui imponentes mansões em pedra. Que prazer passear em suas ruelas e apreciar essa fantástica unidade arquitetural ! Pura beleza ! Embaixo de Saint Robert encontra-se a localidade de Saint Maurice que abriga uma fonte milagrosa, lugar de peregrinaçāo anual no dia 15 de agôsto. Durante o verāo, Saint Robert é uma cidade muito animada e organiza seu próprio festival de música clássica.
Voltei para Brive, cansada e querendo descansar um pouco antes do jantar.
Tomo a direçāo do restaurante « En Cuisine » para jantar.
Voltei para « Le Miel des Muses » muito feliz !
Numa bençāo do céu, acordei deparando-me com um imenso sol e um céu
azulzinho. Esse sábado ja’ começava como uma grande
promessa. Preparei-me rapidamente, tomei o café da manhã e segui o conselho de
Sophie. Sábado é dia de mercado.
E, sobretudo, esse era um dos 4 fins de semana do ano em que se dá o « marché au gras » (mercado gordo), ou seja, o mercado dedicado ao foie gras de pato e ganso. Peguei minha sacola sem perder mais tempo.
Fiquei maravilhada com o mercado. Centenas de pequenos produtores, com um carregado sotaque da regiāo, exibem suas frutas , verduras, cogumelos, queijos, frios, o famoso porco « cul noir », nozes, frutos secos, vinhos. Encontram-se inclusive coelhos e galinhas a venda para ser criados no quintal. Uma profusāo de bancas de flores perfumam e colorem o mercado. Algumas jovens, atrás de suas bancas, preparam a « galette correziènne », uma espécie de crepe feito a base de farinha de castanhas e nozes.
Continuei o meu passeio no « mercado gordo ». Patos e gansos, foie gras, patês, pescoço recheado, rillettes, frutas recheadas com foie gras e uma infinidade de preparações se espalhavam dentro de vitrines refrigeradas. No « marché au gras » de dezembro pode-se, inclusive, comprar o foie gras e pedir ao produtor que o enlate ali mesmo. Tudo isso faz parte do patrimônio culinário da região. Percorri o mercado de ponta a ponta, deslumbrada com tudo que ele me oferecia.
Mas, uma outra festa me esperava em torno da Colegial Saint Martin. A primeira ediçāo da Festa da Trufa. O lugar já estava apinhado de adultos e crianças quando cheguei. Um terreno tinha sido preparado para uma demonstraçāo de « cavage », para fascínio de todos. A Confreria do Diamante Negro, regrupando os truficultores, vendia seus produtos em meio à degustaçāo de canapés de manteiga com trufa e vinho. Animaçāo total !
Decidi continuar comemorando e fui almoçar no « Le Living » que propunha nesse dia o menu « A trufa em festa ».
Após essa refeiçāo pantagruélica, resolvi caminhar pelo centro histórico de Brive cujo patrimônio é rico e variado e dar uma olhada também nas lojas.
Somente menciono alguns monumentos como a bonita Capela St Libéral do século XV de estilo gótico e que atualmente é um espaço de exposiçāo. Pude ver uma mostra belíssima de fotografias de Leroy-Rojec. Também fui ao museu Labenche, um magnífico prédio renascentista do século XVI.
O Château d’eau (depósito de água) do século XIX, em forma de farol com seus 22,50m de altura, oferece um lindo panorama da cidade e dos arredores.
Antes de me preparar para o jantar resolvi prolongar a minha caminhada. Peguei o carro para visitar o lago des Causses, situado a 10 km no sudoeste de Brive. O lago tem 100 hectares e uma área de recreaçāo de 200 hectares. Pratica-se nataçāo, windsurf, esqui aquático, vela e remo. Eu ataquei o caminho de pedras de uns 7 km que permite dar a volta do lago. Cansada, mas contente, agora era só voltar para Brive, tomar banho e me preparar para jantar no « Chez Francis ».
Mais um ótimo dia findou. Volto ao « La Muse au miel » para uma noite reparadoura.
E, sobretudo, esse era um dos 4 fins de semana do ano em que se dá o « marché au gras » (mercado gordo), ou seja, o mercado dedicado ao foie gras de pato e ganso. Peguei minha sacola sem perder mais tempo.
Fiquei maravilhada com o mercado. Centenas de pequenos produtores, com um carregado sotaque da regiāo, exibem suas frutas , verduras, cogumelos, queijos, frios, o famoso porco « cul noir », nozes, frutos secos, vinhos. Encontram-se inclusive coelhos e galinhas a venda para ser criados no quintal. Uma profusāo de bancas de flores perfumam e colorem o mercado. Algumas jovens, atrás de suas bancas, preparam a « galette correziènne », uma espécie de crepe feito a base de farinha de castanhas e nozes.
Continuei o meu passeio no « mercado gordo ». Patos e gansos, foie gras, patês, pescoço recheado, rillettes, frutas recheadas com foie gras e uma infinidade de preparações se espalhavam dentro de vitrines refrigeradas. No « marché au gras » de dezembro pode-se, inclusive, comprar o foie gras e pedir ao produtor que o enlate ali mesmo. Tudo isso faz parte do patrimônio culinário da região. Percorri o mercado de ponta a ponta, deslumbrada com tudo que ele me oferecia.
Mas, uma outra festa me esperava em torno da Colegial Saint Martin. A primeira ediçāo da Festa da Trufa. O lugar já estava apinhado de adultos e crianças quando cheguei. Um terreno tinha sido preparado para uma demonstraçāo de « cavage », para fascínio de todos. A Confreria do Diamante Negro, regrupando os truficultores, vendia seus produtos em meio à degustaçāo de canapés de manteiga com trufa e vinho. Animaçāo total !
Decidi continuar comemorando e fui almoçar no « Le Living » que propunha nesse dia o menu « A trufa em festa ».
Após essa refeiçāo pantagruélica, resolvi caminhar pelo centro histórico de Brive cujo patrimônio é rico e variado e dar uma olhada também nas lojas.
Somente menciono alguns monumentos como a bonita Capela St Libéral do século XV de estilo gótico e que atualmente é um espaço de exposiçāo. Pude ver uma mostra belíssima de fotografias de Leroy-Rojec. Também fui ao museu Labenche, um magnífico prédio renascentista do século XVI.
O Château d’eau (depósito de água) do século XIX, em forma de farol com seus 22,50m de altura, oferece um lindo panorama da cidade e dos arredores.
Antes de me preparar para o jantar resolvi prolongar a minha caminhada. Peguei o carro para visitar o lago des Causses, situado a 10 km no sudoeste de Brive. O lago tem 100 hectares e uma área de recreaçāo de 200 hectares. Pratica-se nataçāo, windsurf, esqui aquático, vela e remo. Eu ataquei o caminho de pedras de uns 7 km que permite dar a volta do lago. Cansada, mas contente, agora era só voltar para Brive, tomar banho e me preparar para jantar no « Chez Francis ».
Mais um ótimo dia findou. Volto ao « La Muse au miel » para uma noite reparadoura.